A educação baseada no medo

Vida for Real
3 min readApr 15, 2020

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Trechos retirados do livro: The child, society and the world by Maria Montessori, traduzido por Vida for Real

Nos tempos romanos, aqueles que foram libertados da escravidão não eram chamados de homens livres, mas de “escravos libertados”. Alguém que já foi escravo nunca pode realmente ser livre em seu ser mais íntimo. É o que acontece com aqueles que estão cheios de ambições frustradas.

Esta é a parte consciente de si mesmo, mas há também uma parte subconsciente que nunca pode ser trazida de volta à vida.

Complexo de inferioridade = Ele (a criança/o jovem) não é apenas prejudicado por ser reprimido no agir com liberdade, mas é também atormentatdo pela falta que a liberdade de ação acarretará no resto da vida dele.

Ele é relembrado das próprias fraquezas o tempo todo, não porque o professor literalmente diz : você é estúpido, pois isso seria um insulto ao qual eles poderiam responder, e ninguém os culparia, por responder de volta. Mas essas crianças não podem escapar do sentimento de que são intelectualmente inadequadas. E quanto mais isso acontece, maior o complexo de inferioridade — “se você não executar bem esses exercícios, se não estudar essas lições adequadamente, não o colocarei para o exame”. É impossível responder a isso e argumentar. Não é uma ameaça, é uma consequência. Se eu ameaçar alguém na vida cotidiana, ele pode se defender me ameaçando de volta, mas neste caso é impossível — alguém pensa: “Eu quero, mas não posso, não tenho certeza de mim mesmo e, se eu não passar no exame, como será meu futuro. O que meu pai dirá? E os meus amigos? Esse estado de espírito se torna cada vez mais penetrante e causa insegurança.

A insegurança por si só é responsável pela delinquência. “ eu não tenho uma família para me orgulhar, não tenho futuro, não tenho certeza de como será minha vida, sou movido pela miséria”

E os outros (crianças, jovens) também são inseguros porque os professores não querem ajudá-los, entendê-los ou confortá-los. Em vez disso, a atitude dos professores parece reforçar o sentimento de fracasso. O que cresce na alma como resultado desse tratamento contínuo? Primeiro insegurança e medo.

“Se eu pudesse me salvar dessa mulher má, desse homem mau …”

O medo começa quando não podemos nos convencer de sua causa. Educamos as crianças a sentirem medo quando estão crescendo. Eles têm medo de tudo: dos pais que os desprezam, do professor que pode reprovar nos exames, do diretor que não está nem um pouco interessado nos sentimentos deles e que não faz nada para ajudá-los.

“Ele quer me ajudar, mas não pode porque eu sou inferior” Quem o encoraja? Quem o ajuda? Não há mais nada para ele senão medo. Medo! Minos! Inferno.

Então primeiro o insulto e depois o medo. É assim que eles são subjugados. “Quem vai me salvar desse estado de espírito?” Certamente não é o pai que dificilmente dirá “Você falhou porque é um gênio incompreendido”, mas sim … eu lhe disse que você falharia! “

Assim, toda a preparação para a vida é baseada no medo

Se alguém tem uma mente cansada, tem um complexo de inferioridade, tem medo do ser humano superior, tem medo de não saber responder.
Eles se tornam impotentes para resistir à tentação, não têm um grande ideal.

Eles saem cansados, confusos, cheios de complexos de inferioridade e medo.

E então se fala em democracia! É mais apropriado dizer “Nós libertamos essa parte da humanidade de um estado de tirania e escravidão”. É bom entendê-los e ajudar a seguir em frente … conscientizá-los novamente e encontrar uma maneira de reabilitá-los, como é o caso de delinquentes ou doentes.

O texto acima foram trechos retirados do livro The child, society and the world by Maria Montessori pg89

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Alessandra Fonseca | Keen observer of human behaviour | People & Change Consultant | AMI Montessori Teacher